diquebarragemsamarco_g1Estrutura contém vazamento no local onde houve rompimento de barragem. Órgão diz que novas estruturas são fundamentais para a segurança.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Minas Gerais teme que o dique S3, uma das estruturas construídas pela mineradora Samarco para conter vazamento de rejeitos na região onde funcionava a barragem de Fundão, em Mariana, na Região Central do estado, já tenha atingido sua capacidade máxima antes do período chuvoso, que se inicia, tradicionalmente, no mês de outubro.

“Hoje os rejeitos ainda estão sendo contidos por um dique, só que está claro que este dique vai chegar na totalidade da sua capacidade de retenção e são necessárias novas estruturas. Estão sendo propostas várias estruturas, só que os cronogramas passam do período chuvoso e essa é a nossa discussão”, disse o superintendente do Ibama, Marcelo Belizário.

Representantes da mineradora Samarco participaram nesta quarta-feira (22) de uma reunião na sede do Ibama em Belo Horizonte para discutir questões relativas à segurança das estruturas. O encontro foi realizado pela Câmara Técnica de Rejeitos de Segurança Ambiental que dá suporte ao Comitê Interfederativo, criado para fiscalizar e validar as ações de reparação dos danos ambientais.

A empresa informou que está prevista a construção do dique S4 logo abaixo do local onde existia Bento Rodrigues, distrito destruído pelo “mar de lama” provocado pelo rompimento de Fundão no dia 5 de novembro. Em nota, a Samarco considera “sua construção fundamental para a contenção de sedimentos e melhoria permanente da qualidade da água”. Além dele, a previsão é que outros três diques sejam construídos ao longo do Rio Gualaxo do Norte.

Porém, o dique S4 está com a obra paralisada. Durante as escavações para a sua construção, parte de uma igreja centenária foi localizada.

A Samarco ainda pretende reflorestar as margens dos rios Gualaxo, Carmo e Doce, recuperar 68 afluentes, conter sedimentos nas margens dos rios. Ainda segundo a mineradora, o acordo firmado entre a empresa, governos estaduais e União, prevê que a Samarco tem até o último dia útil de julho para apresentar estudos de identificação e de avaliação detalhada para o manejo dos rejeitos.

Outra preocupação do Ibama, discutida durante a reunião é o depósito de lama sustentada pela Usina Risoleta Neves, também conhecida como Candonga, na zona da Mata mineira.

“Essa região está com milhões de metros cúbicos de rejeitos prontos para serem mobilizados então a gente precisa trabalhar nessa área”, disse Belizário.

A Samarco informou em nota que “os trabalhos de dragagem retirarão, até o pico do período de chuvas, aproximadamente 50% dos rejeitos que se encontram atualmente nos primeiros 400 metros lineares, a partir do barramento da hidrelétrica”. A empresa, a hidrelétrica e o Ministério Público assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) no dia 15 de junho para que o volume de lama seja retirado do local.

Todas as medidas discutidas na reunião desta quarta terão que ser aprovadas pelo Comitê Interfederativo.

No dia 10 de maio, a entidade já havia determinado que a Samarco apresentasse detalhes sobre ações emergenciais que estão sendo tomadas pela mineradora.

Desastre

A barragem de Fundão, pertencente à Samarco, cujas donas são a Vale e a BHP Billiton, se rompeu no dia 5 de novembro de 2015, destruindo o distrito de Bento Rodrigues e deixando centenas de desabrigados.

A lama gerada pelo rompimento atravessou o Rio Doce e chegou ao mar do Espírito Santo. No percurso do rio, cidades tiveram de cortar o abastecimento de água para a população em razão dos rejeitos. Dezenove pessoas morreram.

Fonte: G1