O PARTIDO VERDE NO MUNDO
A história dos Verdes começou na região sudoeste da ilha da Tasmânia, localizada na Austrália. A concepção do primeiro Partido Verde partiu de uma ação contra um controverso projeto do governo australiano, o qual pretendia transformar o Lago Pedder em um lago artificial, com o objetivo de instalar uma hidrelétrica na região. Um grupo de ecologistas, do então chamado United Tasmanian Group, uniu-se para tentar impedir o anseio do governo pela obra. Contudo, os esforços dos ecologistas foram em vão, e a grande tragédia aconteceu: o Lago Pedder foi transformado em lago artificial, acarretando sérias consequências para a fauna australiana e desequilíbrio de seu ecossistema.
Por outro lado, a repercussão fortaleceu o United Tasmanian Group, que, em 1972, passou a chamar-se de Green Party.
Neste mesmo ano, nasce o Partido Verde na Nova Zelândia e, um ano depois, em 1973, a cidade de Porirua, Nova Zelândia, elege Helen Smith, do Partido Verde, para ocupar um cargo semelhante ao de vereador no Brasil.
Em 1979, foi eleito o primeiro membro do Partido Verde para um parlamento. Foi na Suíça que Daniel Brelaz escreveu um novo capítulo na história dos Verdes. Desde então, os Verdes vêm se difundindo pelo mundo, ocupando cada vez mais espaços nos governos. O resultado disso comprova-se com a ocupação pelos verdes de 55 das 736 cadeiras do Parlamento Europeu. Hoje os Verdes estão presentes em mais de 100 países, divididos em quatro Federações:
- A Federação Europeia dos Partidos Verdes;
- A Federação dos Partidos Verdes das Américas;
- A Federação dos Partidos Verdes da África;
- A Federação dos Partidos Verdes da Ásia e Oceania.
PARTIDO VERDE NO BRASIL
O partido surgiu no cenário político brasileiro da década de 1980, baseado nas convergências ambientalistas existentes na Europa, tendo entre seus primeiros articuladores artistas, intelectuais e ativistas, a exemplo de Fernando Gabeira, Alfredo Sirkis, Domingos Fernandes e José Luiz de França Penna,
que se uniram contra a proliferação de usinas nucleares no país.
No início da formação do Partido, sua ideologia estava voltada tão somente para as questões ecológicas. Contudo, não demorou muito para outros temas ganharem destaque, a exemplo do combate ao racismo, ao machismo, à homofobia, entre outros, divergindo assim do conservadorismo político da época.
A primeira disputa eleitoral deu-se logo no ano de fundação do Partido, em 1986, quando foi lançada a candidatura de Fernando Gabeira ao governo do Rio de Janeiro. Embora tenha havido uma campanha maciça e entusiástica, com momentos marcantes como o abraço à Lagoa Rodrigo de Freitas, ocasião que reuniu cerca de 100 mil pessoas, a candidatura do verde recebeu forte resistência da mídia conservadora.
Fernando Gabeira terminou a disputa com 7,8% dos votos válidos, conquistando o terceiro lugar.
Após as eleições de 1986, o Partido Verde se expandiu para outras regiões. Em 1987, foi organizado em São Paulo e Minas Gerais e, neste mesmo período, deu seus primeiros passos para o Norte e Nordeste.
As perspectivas para as eleições de 1990 eram promissoras. Os Verdes esperavam eleger, pelo menos, cinco deputados federais e dez deputados estaduais. Alguns artistas afiliaram-se ao PV. Mas em maio de 1990, os Verdes sofreram um brutal e fatídico golpe, provindo da Justiça eleitoral, que recusou conceder o registro provisório a legenda. Diversos outros partidos tinham obtido este tipo de renovação antes, mas os juízes decidiram de outra maneira e os Verdes foram proibidos de existir, legalmente. Este episódio, decisivamente, impediu o crescimento do partido, como era esperado. Ainda em 1990, impedido mais uma vez de usar sua própria legenda, o PV carioca filiou um de seus ativistas em outro partido e conseguiu, pela primeira vez, eleger um deputado federal.
Nas eleições municipais de 1992, os Verdes elegeram 54 vereadores em todo o país e três prefeitos no Estado de São Paulo. Após as eleições, o PV assumiu algumas secretarias de meio ambiente, inclusive em algumas capitais como Rio de Janeiro, Salvador e Natal.
Em 30 de setembro de 1993, com o apoio do deputado federal Sidney de Miguel, o primeiro deputado federal do Partido Verde no Brasil (eleito pelo PDT, filiou-se ao logo depois ao PV), o Partido Verde obteve seu registro definitivo junto à Justiça Eleitoral Brasileira, pois até então o registro era provisório.
Nas eleições de 1994, o PV elegeu para deputado federal o candidato Fernando Gabeira (RJ) e mais quatro deputados estaduais: Edson Duarte, na Bahia; Ronaldo João, em Minas Gerais; Tota Agra, na Paraíba; e Gondim, em São Paulo.
Nas eleições municipais de 1996, o PV elegeu 13 prefeitos em cidades dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Maranhão, Pernambuco, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, e 189 vereadores em 15 Estados da Federação. A maior cidade com uma administração Verde, até então, passara a ser Rio Claro, no Estado de São Paulo, sob o comando do prefeito Cláudio de Mauro, com uma população de 160 mil habitantes e, posteriormente, Guarulhos (1998), com o prefeito Jovino Cândido, também no Estado de São Paulo, com uma população 1,1 milhão de habitantes.
Em 1997, o Partido Verde cresceu em representatividade com a filiação do ex-prefeito de Vitória e então Governador do Estado do Espírito Santo, Vitor Buaiz, que passou a ser o primeiro Governador Verde do Brasil.
Em 1998, os Verdes apresentaram candidatura própria à Presidência da Republica. Com uma campanha modesta, o candidato Alfredo Sirkis ficou em sexto lugar, com 213 mil votos. A campanha, contudo, serviu para promover o programa do PV. Nesta eleição, os Verdes lançaram candidaturas para os cargos de governador e senador em cinco estados da federação. Em 23 estados, disputaram vagas para os parlamentos estaduais e federal. O Rio de Janeiro reelegeu seu deputado federal, Fernando Gabeira, e foram eleitos para o cargo de deputado estadual.
André do PV (Lazaroni) no Rio, Edson Duarte na Bahia, Sargento Denys na Paraíba, e Luis Carlos Gondin, de São Paulo.
O Partido Verde teve um crescimento substancial de votos nas eleições municipais de 2000: aproximadamente 1,5 milhões, no somatório entre os votos de legenda e nominais. Em número de votos válidos, os Verdes ficaram com a 13º colocação entre os 30 partidos existentes. Mas ainda continuaram discretos em números de prefeitos e vereadores. Elegeram novamente 13 prefeitos e elevaram suas cadeiras nos parlamentos municipais para 315 vereadores. Assumiram, por 120 dias, uma cadeira no Senado com a posse do suplente Júlio Eduardo Gomes Pereira (PV-AC).
Em 2002, em razão das regras eleitorais, o Partido Verde ficou impossibilitado de concorrer à Presidência da Republica. Mas, apresentou várias candidaturas ao senado e aos governos estaduais. Embora sem êxito, essas candidaturas ajudaram estrategicamente as eleições parlamentares. O partido obteve 2% dos votos válidos para os parlamentos estaduais em todo o território nacional. Foram 1,78 milhões de votos que elegeram 11 deputados. O PV elegeu cinco deputados federais em quatro Estados, obtendo 1,35% (mais de 1 milhão de votos) dos votos para o parlamento federal. Os eleitos foram Leonardo Matos, por Minas Gerais; Jovino Cândido e Marcelo Ortiz, por São Paulo; Edson Duarte, pela Bahia e Fernando Gabeira, pelo Rio de Janeiro. Nesta mesma legislatura, os deputados federais Sarney Filho, do Maranhão, em 30 de janeiro de 2003 e Vitório Medioli, em 11 de abril de 2005, de Minas Gerais, filiaram-se ao Partido Verde, ficando a bancada federal com sete deputados, permitindo que os verdes constituíssem a Liderança do PV na Câmara dos Deputados.
Em 2003, o PV integrou a base de apoio do recém-empossado governo federal, assumindo a pasta do Ministério da Cultura, com Gilberto Gil como ministro.
Em 2004, em uma memorável eleição municipal, os verdes elegeram 773 vereadores, obtendo 2,95% dos votos válidos do país. Foram eleitos 55 prefeitos e 68 vice-prefeitos.
Em 2006, os verdes prepararam a legenda para suplantar a cláusula de barreira até então imposta pela legislação eleitoral (5% dos votos válidos em todo país). Atingem pouco menos de 4% dos votos válidos, e elegem 34 deputados estaduais e 13 deputados federais: Marcelo Ortiz, Dr. Talmir, Dr. Nechar, José Paulo Tófano e Roberto Santiago, por São Paulo; Antônio Roberto, Fábio Ramalho, Ciro Pedrosa e José Fernando Aparecido, por Minas Gerais; Edson Duarte, pela Bahia; Fernando Gabeira, pelo Rio de Janeiro; Lindomar Garçon, por Rondônia; e Sarney Filho, pelo Maranhão.
Ainda nesta legislatura, o suplente Edgar Mão Branca é empossado deputado federal pela Bahia, e os deputados federais Henrique Afonso e Luiz Bassuma filiam-se se ao PV, enquanto o deputado Dr. Nechar deixa a legenda. É mantido no cargo de Ministro da Cultura o cantor Gilberto Gil, filiado do Partido Verde.
Em 2008 o PV se fez presente em todos os estados, organizando-se em 49% dos municípios brasileiros (2.730). Elegeu sua primeira prefeita de capital, a então deputada estadual Micarla de Sousa, em Natal (RN), e mais 76 prefeitos, 152 vice-prefeitos e 1.237 vereadores.
O Partido Verde teve a honra de ser a grande surpresa das eleições presidenciais de 2010, obtendo 20% dos votos válidos com a candidata Marina Silva para presidente e o empresário Guilherme Leal para vice- presidente. Este resultado acabou levando a disputa presidencial para o 2º turno e consolidando o partido como a terceira força política do país. Ainda nesta eleição, o PV lançou candidatos a governador em 10 Estados e no Distrito Federal. Para o cargo de deputado federal, foram eleitos os candidatos Sarney Filho, pelo Maranhão; Roberto Santiago, Guilherme Mussi, Roberto de Lucena, Ricardo Izar e José Luis Penna, por São Paulo; Antônio Roberto e Fábio Ramalho por Minas Gerais; Alfredo Sirkis e Dr. Aluízio, pelo Rio de Janeiro; Lindomar Garçon, por Rondônia; Paulo Wagner, pelo Rio Grande do Norte; Rosane Ferreira, pelo Paraná; e Henrique Afonso, pelo Acre.